A busca

                                        Guilherme A. Dias

Olhos e mente viajam em ritmos diferentes.

Para a direita seguem os olhos

buscando em cada palavra

intencionalmente encontrada, 

 independentemente da necessidade 

e da capacidade de quem a encontra, 

o sentido de uma vida vazia de sentidos

mas repleta de ausências.

Num ritmo incontrolável,

direções aleatórias

e total descontrole,

ora presa às palavras

ora longe delas e das páginas,

distante do presente 

 do passado ou do futuro,

em lugares nunca antes visitados, 

talvez imaginados,

segue a mente

à procura do que os olhos,

da esquerda para a direita,

desejam, por toda a vida,

encontrar.

Olhos e mente

desejam

o que a vida nega.

Supere!

Eternas prisões

                                        Guilherme A. Dias

Vidas vazias,

de inquietudes irrefreadas,

garimpam aqui e acolá,

nas horas improdutivas,

se é que produtivas há,

as ilusões efêmeras, 

paixões letárgicas,

para preencher o vazio

da parasitária existência

com as correntes,

eternas prisões, 

que as tornam presas 

ao mundo idealizado.

Politicamente

                                            Guilherme A. Dias

Amigues...

Todes...

É politicamente correto

amigues...

Assim se deve dizer a

todes...

O tempo traz, contudo,

pelas paixões momentâneas,

incontroláveis,

a crueldade nascida

 no coração

e externada nas mãos

de quem, hipocritamente,

agradou, apenas por

ser politicamente 

correto.

Pelo exterior,

agrada-se agora,

com palavras e gestos,

mas, pelo interior,

sem controle,

palavras e gestos

ferem e matam.

 Valu

                                        Guilherme A. Dias

Ao lado um rio, 

um rancho,

dois cômodos:

uma cozinha 

um quarto,

nós e os nós.

No rancho, vidas.

Vidas vividas

sem horizontes.

No rancho, eu, perdido,

sozinho no meio dos outros,

buscando horizontes

no nada que a mim

foi apresentado.

No rancho,

fora do rancho

ao lado do rio,

os outros, outras vida,

 alegres,

sem horizontes,

nem percebiam

 tristeza em mim,

porque ela é parte

dos seres resignados.

 

O tempo não corre,

as águas do rio sim.

Elas vão ao encontro

da plenitude, e eu perdido

 na plenitude do nada.

As águas se foram,

eu permaneci ali,

entre o céu e a terra,

dentro ou fora do rancho,

ao lado do rio,

às vezes dentro,

porém distante de mim.

Hoje, sol,

eu sem sol,

passa o sol.

Agora chuva,

nem percebo,

passa a chuva.

Vem o frio,

eu só frio.

O frio passa,

eu vegeto.

 Vem o verão,

o frio permanece,

porque não cabem,

em mim,

calor e alegria,

apenas a solidão

de um ser perdido 

e mergulhado na imensidão 

do nada..

Foi um tempo

ao lado do rio,

em um rancho,

com dois cômodos,

e vidas...

Foi um tempo,

longo tempo

de solidão.

Os nós,

o tempo desfez.

Foi um tempo...

Olhe para dentro 

                                    Guilherme A. Dias

 Vidas, milhões de vidas se perdem

ao trilhar caminhos,

externos ao ser,

ora espinhosos e tortuosos,

ora alegres e harmoniosos, 

porém efêmeros e escuros

como as nuvens 

que anunciam a tempestade,

na infinita busca pelo verdadeiro 

sentido da vida.

Persiste-se, (in)conscientemente,

nesses caminhos,

externos,

revivendo e revisitando

 situações similares,

 externas,

numa busca insana

em pessoas,

em objetos

ou em coisas 

a fonte, 

a essência da vida

e da realização plena

do ser humano.

Impossível, sim, encontrar

algo perseguido e almejado

ao longo da história

por reis e plebeus

em lugares,

situações ou pessoas,

onde jamais

se hospedou

e jamais se hospedará

posto que transitórios,

finitos.

Olhe para dentro de si,

talvez aí encontre,

se der tempo,

ainda que por último suspiro, 

o que fora levara a vida inteira procurando.

 Assim disse Tolstói 

                                    Guilherme A. Dias

Para fazer o mais importante,

agora é a hora certa.

porque é única.

A pessoa mais importante

é aquela que está com você

neste momento,

talvez o último.

A coisa mais importante

é fazer sempre o bem,

porque da vida esse 

é o propósito único.

                                                 (inspiração em Tolstói)

 Diga

                                Guilherme A. Dias

"Diga o que quer dizer

e queira dizer o que diz".

Tenha, contudo, o devido cuidado

como o sentido a palavra.

Se esotérico, diz algo.

Se exotérico, diz algo 

diferente.

                           (Fonte em Bergerot)